A Morte do "Cisne" Fantástico e Emocionante


Vejam.



http://www.youtube.com/watch?v=RM2Aio9mvNE&feature=player_embedded



(Enviado por um Amigo)



sábado, 12 de março de 2011

O "Norte" de Miguel Esteves Cardoso



(não me esqueço de como estas unhas que aqui elogiam rendidas O Norte de Portugal, foram as mesmas que tão mal trataram o Mestre Agostinho a Silva !... do Norte ! até as borboletas gostam !)
Cortesia Inestimável _ Jorge Campos Macedo
O "Norte" de Miguel Esteves Cardoso.
O Norte é mais Português que Portugal. As minhotas são as raparigas mais bonitas do País. O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela. As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes que já se viram.
Viana do Castelo é uma cidade clara. Não esconde nada. Não há uma Viana secreta. Não há outra Viana do lado de lá. Em Viana do Castelo está tudo à vista. A luz mostra tudo o que há para ver. É uma cidade verde-branca. Verde-rio e verde-mar, mas branca. Em Agosto até o verde mais escuro, que se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco ao olhar. Até o granito das casas.
Mais verdades.
No Norte a comida é melhor.
O vinho é melhor.
O serviço é melhor.
Os preços são mais baixos.
Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma ninharia
Estas são as verdades do Norte de Portugal.

Mas há uma verdade maior.
É que só o Norte existe. O Sul não existe.
As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira, Lisboa, etcaetera, existem sozinhas. O Sul é solto. Não se junta.

Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.
No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos. Quem é que se identifica como sulista?
No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos falam de Portugal inteiro.
Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país.
Não haja enganos.
Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.
Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal.

Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que constitui Portugal.
Mas o Norte é onde Portugal começa.
Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo.

Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte, Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito pequenina. No Norte.

Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa.
Mais ou menos peninsular, ou insular.

É esta a verdade.

Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade. O Alentejo é especial mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à parte. Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul - falam em Lisboa. Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do Alentejo. As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente.

No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo. Está muito estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como quem não quer a coisa.

O Norte cheira a dinheiro e a alecrim.

O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a arranjinho. Tem esse defeito e essa verdade.

Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é impecável, porque os alentejanos são mais frios e conservadores (menos portugueses) nessas coisas.

O Norte é feminino.

O Minho é uma menina. Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher portuguesa. Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte dá nas vistas sem se dar por isso.

As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes-impossíveis, daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se sozinhos.
Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas, graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito. Gosto das pequeninas, com o cabelo puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros. Gosto dos brincos, dos sapatos, das saias. Gosto das burguesas, vestidas à maneira, de braço enlaçado nos homens. Fazem-me todas medo, na maneira calada como conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas.

São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer. Em Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte. Numa procissão, numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente.

Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância especial.


O Norte é a nossa verdade.

Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório. Gostavam do Norte só porque eram do Norte. Assim também eu. Ansiava por encontrar um nortenho que preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro o Norte. Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.
Depois percebi.

Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos. Não escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de as defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O Norte".

Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender Portugal no mundo. Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma terra maior, é comovente.

No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto. Em Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte de Lima. Em Ponte de Lima dizem que a vila de Amarante ainda é mais bonita.
O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz. Quem sabe se é mais Minho ou Trás-os- Montes, se é litoral ou interior, português ou galego? Parece vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para adivinhar.

O nome do Norte é Portugal. Portugal, como nome de terra, como nome de nós todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm e dizer "Portugal" e "Portugueses". No Norte dizem-no a toda a hora, com a maior das naturalidades. Sem complexos e sem patrioteirismos. Como se fosse só um nome. Como "Norte". Como se fosse assim que chamassem uns pelos outros. Porque é que não é assim que nos chamamos todos?

Escrito por Miguel Esteves Cardoso

sexta-feira, 11 de março de 2011

O “Zé” vai entrar na história!!!


O simplesmente “Zé” perdeu definitivamente o rumo e mais parece uma andorinha, que voa aos ziguezagues, voos picados e perigosos… até partir.

O “Zé” propriamente dito não tem curriculum a apresentar, não tem nada para oferecer. Isto porque não tem curriculum. Deitou-o fora, latrina abaixo e fez a descarga, não havendo mais retorno. Não renegando o seu passado, ao aliar-se com o que há de mais retrógrado neste país, o “Zé” termina por se deixar cair na melancolia, senrindo-se abandonado por todos, que agora se escondem; que poderá fazer o “Zé” para sair de tão grave situação?

Ao “Zé”, resta-lhe uma consolação. À direita, continua a apostar-se na manutenção do “Zé”, de todos os “Zés” numa venal e egoísta situação deprimente, muito similar à jurássica “eco-chata”. O “Zé” fica verde de indignação, não questiona as mentiras que lhe pregam e que se vê obriogado a pregar, as omissões vindas de cima sobre os factos mais importantes.

Durante as 24 horas do dia, sete dias por semana, enviando mensagens apelativas, o “Zé” pensa poder mudar alguma coisa, mas ninguém lhe liga qualquer importância.

Dizem os “generais de pijama de seda” que o “Zé” jamais tentou impôr-se e ao seu socialismo, pelas armas, mais sim através do voto e sem interrupção…

Em todas as inoportunas mensagens, que enchem as caixas postais dos internautas, aqueles “generais de pijama de seda” deixam transparecer que vivem ainda na época da guerra fria e que a famigerada transformação social do mundo se mantém em vigor. Perderam a bondade histórica e, mais que isso, o sentido do ridículo, pois sempre defenderam e continuam afazê-lo, numa democracia sem o povo. Preferem, os tais “generais”,o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo.

Quando o “Zé” trocou o cheiro do povo pelo perfume dos e das “dondocas”, passou a “criminalizar” os movimentos sociais, a defender os golpismos de cima emanados, pretendeu fazer cessar as disputas pelo bem-estar geral, depois de difundir desbragadas mentiras e caluniar aqueles que pudessem fazer-lhe sombra, tentando passar-se para a direita do “pai” e bater às portas dos quartéis para explicar o que motivou o golpe militar de Abril de 1974, uma simples ficha em relação ao que hoje acontece, quando assume a defesa do imperialismo capitalista.

Fazendo coro com o grande patronato conservador, que queria ainda mais, venal e golpista, o “Zé” não consegue esconder a sua adesão à “canalha” neo-liberlista. Repete vezes sem conta que vem aí a “coisa má”, verdadeiro cadáver político insepulto.

«A democracia está ameaçada!», dizem alguns, sendo necessário, para a salvar, meia dúzia de intelectuais autoritários, que não percebem nada do que dizem e fazem.

Diz-se também que o “Zé” pirou de vez. O desespero é tanto que o levou a prometer o que sempre combateu: salário mínimo intocável e de 600 euros, um reajusta de 10% aos reformados e o 15º mês aos beneficiários de abonos familiares.

Por tudo isto e muito mais é que o “Zé” vai entrar para a história pelo contentor do lixo. Triste fim!

Graça e paz para todos


Penso que podemos manter boas relações e bons diálogos entre todos. Somos um país de brandos costumes e, sinceramente, fico muito sensibilizado quando alguém tenta desconsiderar a argumentação, acusando alguém de força de choque deste ou daquele partido…

Queiramos ou não, todos somos partidários de ideias e de ideais. Queiramos ou não, todos temos e fazemos as nossas escolhas e tomamos as nossas posições políticas. Mesmo na divergência,, podemos – e devemos - manter um bom nível de diálogo. Tenho aprendido isso nos «embates» transmitidos pelas televisões nos últimos anos…

Penso que o calor da campanha eleitoral já passou e que o momento, agora, é de discutir, de forma serena, os pertinentes assuntos que nos são diariamente colocados.

Sinceramente, gosto de percorrer o jornal e ler as considerações de diversos quadrantes, deste ou daquele partido entendendo, no entanto, que não preciso de partir para coisas do género força de choque deste ou daquele lado.

Quem as escreve nas redes sociais, deve estar preparado para enfrentar o contraditório, como nas televisões e jornais, tendo o fundamental dever de respeiar todas as argumentações, sejam ou não favoráveis.

Penso ser já demasiado conhecido e ter já dito qual a minha tendência politico-social – a independência absoluta – sem ter necessidade alguma de me repetir, e tenho participado nalguns processos políticos desde há muitos anos.

Vi companheiros perecerem na luta, sem jamais duvidar dos seus princípios e dos seus valores.
Estou satisfeito com o meu país? Claro que não. Quem poderá estar?

Estou satisfeito com a agenda do aumento dos juros, aumento da dívida pública, aperto fiscal e salarial? Claro que não!

Claro que não, e penso que o actual governo perece ser um governo de medrosos, quando se sabe que a inflação de um dígito é aceitável, sabendo que a pressão nos produtos alimentares continuará forte em todo o mundo.

Mas também não compreendo a razão porque o líder deste governo acata e obedece às «ordens» da chanceler alemã, que ultrapassa, sob a forma de convite, todas as instâncias europeias, sedeadas em Bruxelas.

Os economistas sabem que o mundo precisa de aumentar a produção alimentar em cerca de 40%, urgentemente, principalmente para fazer frente à demanda global, tendo em vista os eventos, extremos do clima, que podem reduzir a oferta drasticamente.

E, por fim, a despeito da situação, não podemos negar que Portugal está em processo de transformação. Melhor ainda: em processo de perda de soberania no mundo, na sua geopolítica.

Certamente, alguns dos meus sonhos de jovem foram realizados, mas a luta deve continuar sem tréguas, por um país sempre melhor para todos, não apenas para alguns.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Os males da nossa justiça


A caótica e miserável situação já provocou vários protestos e algumas greves de funcionários nos últimos anos. Como no Inferno de Dante, na entrada da pomposa “Cidade da Justiça”, deveria instalar-se um letreiro que dissesse:

«Justificável, quando passes esta porta, abandona toda a esperança». A justiça no nosso país não deveria ser representada por uma formosa dama, por mais que tenha os olhos vendados, ataviada com uma túnica branca, mas por farrapos, vesga e mendigando com os olhos semicerrados pelas remelas.

Desde que terminou a ditadura anseio por saber como a Administração da Justiça recebe os investimentos de que precisa: milhares de juízes, de fiscais, secretários, oficiais, forenses e psicólogos e assistentes sociais, com uma polícia judiciária preparada, que disponham de gabinetes adequados.

Ano após ano, adia-se a verdadeira inovação, restando-lhe uma injustificável desculpa e os mínimos pressupostos.

Para estabelecer um termo de comparação, que apoie o que critico, vejamos que a Alemanha, que tem oitenta milhões de habitantes, dispõe de 50 mil juízes, com os correspondentes auxiliares e gabinetes. Seria lógico, pois, que em Portugal, com um oitavo da população daquele país, tivesse sete a oito mil. Parece que temos menos em todas as instâncias: civis, penais, conteciosos, laborais, menores (pedofilia incluída), violência doméstica, audiências provinciais, tribunais superiores. Supremo e Constitucional.

A tal patética carência, temos de somar umas leis procedimentais, herdadas do direito romano, às quais se fizeram vários remendos – não muitos – que enredam os expedientes até os converter no labirinto do Minotauro.

Apesar da muita propaganda com que nos obsequiam diariamente as campanhas dos governos – central, local e autónomos – com a difusão de novas tecnologias, na justiça continuam a utilizar os centenários métodos de comunicação: citações entreues em mão por agentes que viajam de autocarro ou de motorizada, escritas em papel e enviadas pelo correio a outras povoações, por mais próximas ou distantes que se encontrem; comissões rogatórias a países estrangeiros que devem chegar primeiro aos Assuntos Externos.

O fax e o telefone devem ser legitimados pelo sagrado papel, e o correio electrónico não entrou na linguagem jurídica.

Está visto que o poder legislativo está demasiado ocupado, talvez com as portagens das SCUT, para acometer seriamente a reforma das leis e que os nossos legisladores – lagislatura após legislatura – sentem pânico de mudar o procedimento criminal escrito e secreto – às vezes, secretismo – pelo público e oral que rege nos países anglo-saxónicos, o que permite a proliferação de sumários escondidos á opinião pública que acompanham a corrupção de todo o tipo. E que, quanto aos assuntos civis, tramitados durante intermináveis anos, os nossos governantes e deputados não sabem como sair-se dos complicados e arcaicos processos.

É preciso negar rotundamente que a doença da justiça se cura com dinheiro, porque isso é querer esconder com um véu o vulcão em actividade que, tarde ou cedo voltará a entrar em erupção.

terça-feira, 8 de março de 2011

O tempo…



«O futuro tortura-nos e o passado acorrenta-nos. Eis porque o presente nos foge…», disse Gustave Flaubert.

«Fugiti irreparabile tempus». Esta frase, dita por Virgílio nas Geórgicas, ao terminar uma digressão, é muitas vezes usada para lembrar que «o tempo voa».

Sem perder mais tempo, o governo, através do ministro das Finanças, enviou uma carta, possivelmente por correio expresso, a proibir actualizações salariais que chegaram às administrações de empresas públicas na quinta-feira. No entanto, haverrá excepções, talvez respeitantes a amigos…

Ao aumentar 1,25% em 2010 as pensões de acidentados de trabalho, fica bem demonstrado o desprezo a que são votadas as pessoas atingidas.

O ministro das Finanças, no que diz respeito às excepções, os tais “casos excepcionais”, em que a análise será casuística (?) e tendo em conta a situação específica da empresa e o seu funcionamento face a concorrentes, consegue matar dois coelhos duma só cajadada: dividir ainda mais os trabalhadores e provocar mais fracturas sociais, o que leva afalar sobre um dia de trabalho.

Ao amanhecer, no espreguiçar habitual, a aurora abraça o sol (que não é igual para todos), acordando homens e mulheres para mais uma jornada de trabalho, porque é preciso alimentar as bocas que se abrem famintas e por vezes se fecham do mesmo modo.

Todos correm como formigas, na diversidade das suas diferenças, erguedo ferramentas e, no auge da sua responsabilidade, no uso da função que a luta, seja caneta, bisturi, enxada ou que instrumento for, coisa que não importa, todos trabalham por igual, dignificando o tempo, marchando ao encontro da prosperidade para o amanhã, a recompensa do seu trabalho. E aqueles que ainda compreendem, consideram abençoadas as mãos do trabalhador.

Todos os trabalhadores fazem uma declaração de vida na sua relação neste grande baile de máscaras em que se tornou Portugal. Vivem fantasias de personagens fantásticas, que aos poucos vão caindo e fazem com que nos mostremos despidos de crueldades, por vezes reféns dos medos. Não temos a interferência do olhar nem do toque físico, uma vez que as relaçoes protegidas pelo distanciamento magistralmente demonstrado pelas profundas decisões dos governantes.

A sedução é a principal arma de aproximação, que dura apenas uma campanha. A população laboral procura valorizar-se, aumentar os conhecimentos, porque pensa que a meta é o conhecimento pelo seu trabalho diário. Pensa que lhe disponibilizam oportunidades para suprir às suas necessidades. E aí, entra a paixão… um estado alterado de consciência em que se encontram as energias, uma fantasia. Porque a população laboral se apaixona pelo sentimento, pela felicidade e pelos sonhos. Na paixão, não vê os defeitos, mas apenas o estado de graça e o prazer…

E, enquanto os ministros se apaixonam por eles mesmos, pela sua capacidade de seduzir e nos envolver, apesar dos recursos adquiridos e usados para nos conhecerem melhor, usam e abusam porque, para eles, o que conta é a aparência, a posição sócio-económica e cultural A sua imaginação transforma a vida da população, uma miserável forma de vida e mostra-nos um caminho para que percamos o Ego e mostremos apenas o que querem que mostremos ou sejamos.

Termino com a frase incial: «O futuro tortura-nos e o passado acorrenta-nos. Eis porque o presente nos foge…»

segunda-feira, 7 de março de 2011

O regabofe continua…


Nunca defendi a criação dos hospitais EPE e, pelos vistos tinha razão, embora me não fosse então concedida pelos que sabem tudo o que é melhor para Portugal e seu povo…

Continuam a usar a abusar dos subterfúgios considerados legais, mas que atentam contra a moralidade pública.

Quando se fazem as leis, pensa-se em tudo menos no interesse do país; apenas no de grupos corporativos, como acontece com a classe médica hospitalar, salvo as devidas excepções, como é evidente.

Vejam-se os Artigos 14º e 17º do Decreto-lei 233/05.

Médicos que meteram licença sem vencimento ficam no mesmo lugar ganhando o dobro, ou quase, o que, no actual contexto é demasiado agressivo para os restantes trabalhadores e não só.

A Senhora Ministra deveria pensar várias vezes antes de tomar a atitude agora tomada, e o ministro das Finanças devria, como fez em relação aos restantes trabalhadores, saber fechar os cordões à bolsa, ou então abri-la a todos e que cada um retirasse dela uma parte, para que pudesse haver, pelo menos, uma simulação de igualdade de direitos.

Não aconselho ninguém a que cada um dos que, no activo, sofrem cortes no salário, a exemplo daquele juíz a quem diminuiram ao seu salário e ele, por sua vez, diminuiu ao horário de trabalho, alegando que se cortam no vencimento tem todo o direito de cortar no seu horário de trabalho.

É evidente que um hospital não pode funcionar sem médicos, mas também não pode funcionar sem enfermeiros ou administrativos, ou auxiliares… todas as peças fazem parte da engrenagem hospitalar e, quando uma quebra ou avaria, tem de ser substituída para que os doentes não sofram as consequências.

Também não apelo aos «João Semana» que não há, tão-pouco ao juramento de Hipócrates, que mais parece uma lenga-lenga hipócrita proferida como «praxe» quando recebem o diploma.

Mas, se um governante ou todo o governo pretende credibilidade, deve tratar os funcionários, os cidadãos de igual modo e não fazer ou causar cisões que afectam o ambiente intramuros hospitalares ou mesmo na sociedade.

Não se trata apenas duma “legalidade” bizarra e fabricada na AR. Trata-se, sim, duma grande “imoralidade”, para não falar de fraude com os dinheiros públicos, como afirma um dirigente da Fnam.

A recusa de reacção a semelhante medida por parte do Ministério da Saúde, é bem ilucidativa de que a «crise» é um facto real, mas apenas para os portugueses de terceira categoria, que devem pagar para que os de primeira nela se mantenham ad eternum. É realmente mais uma imoralidade a que assistimos neste país mais que à deriva.

AH!, no jornal do dia seguinte, a ministra apela à moderação após ter incendiado o rastilho.
Pobre Portugal.